Por Nuno Sentieiro do blog Spiel Portugal
De regresso de
Essen alguns títulos começam, aos poucos, a chegar à mesa. A curiosidade aliada a pré-disposições e à disponibilidade de um sempre imperfeito quorum levaram alguns jogos a furar a fila e chegar-se à frente. Estas são apenas breves considerações baseados em impressões de "
first date".
Trajan by Stefan Feld
Não sou um grande fã de muitos títulos do
sr. Feld. Reconheço que procuram sempre aliar mecânicas originais ao género "euro" denso e estratégico - imagem de marca
Alea. Essa obsessão relega quase sempre o tema e a sua implementação para patamares do "isto podia ser sobre criar porcos numa quinta do
Kentucky..."
Trajan não foge à regra - é sobre o que quiseres que seja. Conceitualmente é um exercício "masturbatório" de grandes mecânicas, algumas com um toque de génio, sempre com pequenos ajustes e detalhes que revelam precisão cirúrgica na criação de experiências de jogo.
Com tantos jogos dentro do jogo sobressai a mecânica
Mancala meets Rondel - algo tão estúpido e desnecessário que acaba por fazer todo o sentido e levar à eterna pergunta: "- Porque é que não me lembrei disto antes..." .
O jogo tem tanto a acontecer, em tantos sítios, de tantas maneiras diferentes, que deixa um sensação de deslumbre no jogador - bem como um TILT cerebral. Para domar este bicho vão ser precisos mais jogos, e um jogo que, apesar de te queimar o cérebro, te leva imediatamente a querer voltar a jogá-lo, a fazer melhor, só pode ser bom - resta saber se é MUITO bom... 8/10
Singapore by Peer Sylvester
Do designer de um grande pequeno jogo -
King of Siam -
Singapore tem tudo para ser um grande jogo: regras simples, tema e arte. No entanto, parece ter sido tão "polidinho" para ser "
user friendly" que se tornou vazio, aborrecido e por vez desinspirado. E é pena, porque na sua génese, a mecânica base do jogo de colocar tiles e executar acções num tabuleiro-acções em evolução constante (em número e força) é muito bem conseguida.
Na verdade o jogo demora 30 minutos mais do que deveria, repete-se, vezes sem conta e as particularidades-excepções das regras, apesar de teoricamente bem interessantes, revelam-se inócuas e vazias de sentido no objectivo do jogo.
Não que o jogo seja mau, não é, mas promete tanto que deixa aquele gostinho de "podia estar aqui um jogo do camandro" - e no final é apenas mais um eurogame para "famílias alemãs"... 6/10
Tournay by Sébastien Dujardin, Xavier Georges e Alain Orban
Aqui estava um dos mais aguardados do ano, pelo menos para mim. Depois do genial e refrescante
Troyes, o segundo jogo da editora e do trio de designers prometia muito.
Inspirado na arte e alguns conceitos chave do seu antecessor,
Tournay é na verdade "apenas" um jogo de cartas. Muitas mecânicas curiosas, muitos detalhes decalcados de
Troyes, e, mais que tudo, muitos símbolos e porriolas impressas em cartas que significam muita coisa que nunca é aquilo que parece ser... Confuso ? Sim, muito confuso.
Para um jogo de cartas rápido e com decisões estratégicas,
Tournay apenas cumpre no capítulo das estratégias. Perde aquilo que podia fazer dele um inacreditável sucesso - a fluidez - em símbolos e acções confusas que nem sequer num player aid bíblico se conseguem descortinar. Tem sumo QB para fazer laranjada da boa, mas acho sempre que estou a espremer maçãs ... e no final um copinho de água fresca - Luso - mas ainda assim : Água. 6/10
Old Men of the Forest by Martin Wallace
Sem expectativas, outras que não - "apesar de tudo isto é um
Wallace", avancei para este joguinho de cartas despreocupado. Era para ajudar o orangotango e tudo...
Bem giro, rápido, com uma dose de caos - talvez um pouco mais de controlo não fosse pior - e divertido.
Por 10 euros aqui está mais um jogo de bar - na linha de
Und Tchuss... para jogar com uma cerveja na mão...
6/10
Coney Island by Michael Schacht
Mais um jogo do criador de alguns dos melhores jogos de estratégia com poucas regras, rápidos e com bastante densidade estratégica.
Michael Schacht volta em
Coney Island a acertar em cheio na receita para o sucesso. O jogo tem turnos rápidos, decisões e tensão, diluídos em meia dúzia de regras simples que resultam num jogo médio bem interessante.
Com um tema colado a cuspo, o jogo tem como principal defeito a sua melhor característica - a rapidez e voracidade do fluxo de jogo. Os turnos são tão rápidos que damos por nós a jogar antes de nossa vez ou a gritar despacha-te ao vizinho do lado.
Com alguns "twists" bem interessantes o jogo é bem divertido e ligeiro mas mantém a linha estratégica e interactiva características imagens de marca do autor. 7/10
Mais opiniões parvas sobre jogos - em breve...
(
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