quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Paradoxo da Tecnologia

Por Gustavo Barreto

A cada dia a tecnologia muda de forma definitiva e irreversível o comportamento humano.

Simplesmente somos incapazes de lembrar como era a nossa vida sem o telefone celular ou a internet, por exemplo.

Quem não viveu o período anterior a estas tecnologias certamente teria uma dificuldade imensa até mesmo de imaginar como poderia ser o cotidiano das pessoas nestes tempos.

Estas tecnologias foram feitas para aproximar as pessoas: por meio delas você pode se comunicar instantaneamente com qualquer pessoa do mundo, onde quer que ela esteja, e sem que haja qualquer tipo de fio ou que ligue uma à outra.

É simplesmente uma caixa pequena que se liga de forma quase mágica à outra caixa pequena que está do lado do mundo.

No entanto, por mais paradoxal que seja, ao mesmo tempo que a tecnologia aproxima as pessoas distantes, ela afasta as pessoas próximas.

Mesmo a televisão mais afasta do que aproxima as pessoas, pois apesar de estarem todas juntas, elas estão em silêncio, sem interagirem entre si. Não raro, as famílias possuem tantos televisores como pessoas na família, e várias vezes assistem ao mesmo canal mas em lugares diferentes, cada um com o seu controle remoto.

Você pode ficar na internet por horas, digitando e conversando com pessoas distantes, mas enquanto faz isto deixa de estar com os seus irmãos, com os seus pais, com a sua esposa, com os seus filhos e os seus amigos que estão bem seu lado.

O pior é que você só vai dar conta disto o dia que estiver longe deles, e vai sentir falta deles.

Depois de tanto tempo de afastamento, mesmo em uma refeição corre-se o risco de não se ter assuntos além do sabor da comida, ou do clima, remetendo-se muito mais a uma “conversa de elevador” do que um almoço com pessoas que se gostam, pois falta integração entre as pessoas.

É por isto que eu acredito que pelo menos de vez em quando, seria interessante promover um “pacto de sabotagem” à tecnologia: desligar a televisão, a internet, o celular, o vídeo–game e buscar se divertir com as pessoas.

Certamente estes seriam momentos únicos, que seriam lembrados por todos com muito carinho, ao longo de muitos anos.

Durante estes “pactos de sabotagem” à tecnologia, provavelmente será até sentida dificuldade do que fazer em conjunto, de forma a se divertir bastante e de forma rápida e com baixo custo.

Se quiserem uma sugestão: um bom jogo de tabuleiro iria muito bem a calhar, e todos poderiam ter momentos muito divertidos.

E porque um jogo de tabuleiro e não qualquer outra coisa, como uma viagem ou uma refeição fora?

A razão é simples: na viagem o que importa é o lugar e na refeição é a comida, ao passo que em um jogo de tabuleiro, o que importa não são dos desenhos, nem a arte, nem o gráfico, nem a jogabilidade e nem os compontes:

Em um jogo de tabuleiro, o que importa realmente são as pessoas.

Sobre Gustavo Barreto: Formado em Direito pela PUC SP, é especialista em Direto Empresarial, desde 2003. Como designer de jogos de tabuleiro desde 1989 e mestre de RPG desde 1993, abriu a sua própria empresa em 2010 para lançar alguns de seus melhores títulos de jogos de tabuleiro, porque não aguentava mais os seus amigos pedindo emprestado seus protótipos.

2 comentários:

  1. Hey,

    Olá Fun Box!
    Belo texto, Gustavo. Vou mandar o link pro meu antigo grupo de rpg e demais amigos, muito legal mesmo.

    Muito legal a Funbox tb! Fui lá fim de semana, e já tava vendo o blog. Pessoal da casa super atencioso.
    To chamando todo mundo pra aparecer aí.

    Abraços,

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  2. Opa José!

    Muito obrigado pelos elogios!

    Esperamos você e seus amigos aqui neste fim de semana!

    Um grande abraço!

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