segunda-feira, 11 de junho de 2012

Resenha: Mogel Motte

Por Carlos Abrunhosa

Sinopse:
Mogel Motte é um pequeno jogo de cartas baseado no tradicional sistema de vazas usado em tantos outros jogos normais, no entanto o sistema de jogo serve apenas para camuflar o seu verdadeiro “coração” de Mogel Motte. O jogo propõe aos jogadores que se desembaracem das suas cartas fazendo-o dissimuladamente, ou seja, o jogo estimula-nos à velha “arte” da batota!

Como se joga:
No início todos os jogadores recebem 8 cartas. De entre todos escolhe-se um guardião. Esse jogador recebe a carta verde do Percevejo! A missão do jogador que tiver o percevejo guardião é acautelar que ninguém faz batota, por isso a sua tarefa é muito complicada pois tem de estar com “um olho no burro e outro na albarda” como nos diz a sabedoria popular. Assim que veja alguém a fazer batota, isto é, fazer desaparecer uma carta da sua mão por qualquer outro “método” que não seja assistir à carta do jogador anterior, o guardião percevejo manda parar o jogo e incrimina o prevaricador… no entanto, é bom que esteja certo de que viu a trafulhice, caso contrário, tem que apanhar uma do baralho e continuar o jogo mantendo a carta do guardião percevejo! Mas no caso de se comprovar a falcatrua, o trapaceiro terá de recolher a carta que estava a tentar subtrair à mão e depois ainda é premiado com uma carta do próprio guardião que o acaba de desmascarar! Adicionalmente o prevaricador passa a ser o guardião daí em diante, deixando de poder fazer batota!

Quanto aos outros jogadores, a missão é ficarem sem cartas na mão, assim como o guardião, no entanto, tendo a “vantagem” de poderem fazer batota, ao invés daquele; mas com jeitinho, para não serem apanhados!

Para lá deste eixo fulcral do jogo, há algumas regras gerais que se devem observar para se poder jogar. Joga-se por ordem de turno, e no seu turno cada jogador terá de jogar uma carta para o centro da mesa, no monte de descarte de vazas. Para jogar uma carta o jogador tem de subir um número ou descer um número relativamente à última carta jogada, ou seja, se o jogador anterior tiver jogado uma carta com valor 3 (as cartas vão de 1 a 5), no seu turno o jogador terá de jogar uma carta 2 (3-1=2) ou uma carta 4 (3+1=4).

Para dar vivacidade ao jogo há 5 cartas especiais:

A aranha – quem joga uma aranha para a mesa, pode dar, a seguir à sua jogada, uma carta da sua mão a um outro jogador da sua escolha.

O mosquito – depois de um mosquito ser jogado, todos o tentarão matar dando-lhe uma palmada em cima, o último a chegar só terá o prazer de bater na mão de um dos seus adversários, mais de resto nada do que se seguirá será bom, sendo o jogador mais lento terá de recolher uma carta de cada um dos seus adversários e juntá-las à sua mão! Quem joga o mosquito não tem de matar o mosquito, mas dá uma carta ao mais lento.

A barata – quando uma barata aparece na mesa todos os jogadores podem tentar desembaraçar-se de uma das suas cartas com o mesmo número da barata jogada, no entanto só o mais lesto poderá jogá-la, restando aos outros contentarem-se com a tentativa.

A formiga – quando alguém joga uma formiga todos os jogadores têm de ir buscar uma carta ao descarte e colocá-la na sua mão, à exceção de quem jogou a carta da formiga.

A traça – a traça só pode ser jogada pelo guardião, os outros jogadores têm forçosamente de a despachar de forma ilícita sem serem apanhados!



Quando um jogador fica sem cartas, acaba a primeira ronda e contam-se os pontos negativos dos outros jogadores que se lhe seguiram. Os pontos atribuem-se da seguinte forma:

1 carta candeeiro = -1 ponto
1 carta de animal (exceto traça) = -5 pontos
1 carta de traça = -10 pontos
O jogo termina quando se tiverem jogado tantas rondas quantos os jogadores em jogo. Vence quem tiver menos pontos negativos!

Avaliação:
Mogel Motte é uma criação dos filhos de Inka e Markus Brand e neste caso o ditado popular: “quem sai aos seus não degenera” assenta como uma luva! Não posso dizer que este jogo é uma preciosidade, pois estaria a ser tendencioso e falso, no entanto, este jogo conquista-me pela originalidade. Não me recordo de jogos onde fazer batota faça parte das regras, e ainda menos, encaixada de forma tão astuta.

Para aqueles que não gostam de perder nem a feijões é certo que vai haver divergência no que diz respeito à intencionalidade da batota. Quando se lida com o fogo podemos queimar-nos, e este jogo brinca com o fogo: a batota. Os batoteiros que o são mesmo em jogos em que isso é ilícito, irão tentar fazer batota neste jogo, mesmo estando esta contemplada nas regras!

As crianças adoram este jogo porque o fruto proibido é sempre o mais apetecido… e com este ditado popular está tudo explicado quando à preferência dos pequenotes! Não posso recomendar a compra de olhos fechados, porque muitos não irão achar graça nenhuma ao jogo. Eu próprio, numa primeira abordagem, incluia-me nesse grupo, no entanto, depois de jogar, acabamos por perceber que o jogo nos permite passar alguns momentos bem descontraídos e divertidos, quer seja entre amigos ou com a família.


Links:
Site da Drei Magier Spiele-> AQUI
Ficha BGG -> AQUI
Vídeo em alemão -> AQUI
Outros jogos Drei Magier Spiele – Kakerlakensalad

Comprar:
Philibert -> AQUI

(Fonte)

Carlos Abrunhosa reside em Aveiro, Portugal e é professor de profissão. Adora jogos de tabuleiro e para lá do JogoEu, é organizador de eventos como o Jigajoga e o RiaCON.

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