Existe um conceito muito importante no design de jogos, que é o de “limite”. Todo jogo tem limites bem definidos. No futebol, temos o retângulo aonde acontece a partida. Em um jogo eletrônico temos os mapas das fases que jogamos. Em jogos de tabuleiro, geralmente o tabuleiro é o próprio limite do jogo. Limites são importantes, pois eles delimitam o espaço de possibilidades de interação do jogador, além de formarem o chamado “círculo mágico”, o espaço em que a percepção da realidade se altera e as regras do jogo são aceitas.
O legal de “Carcassonne” é justamente a possibilidade de brincar e alterar dinâmicamente esses limites. Carcassonne é um jogo de “tile-placement”, ou seja, um jogo em são colocados “tiles”, que são pequenos quadrados, que no caso do Carcassonne, compõe o tabuleiro.
Existe no jogo uma variedade de peças, aonde temos conjuntos de terrenos, castelos, paredes, ruas e demais combinações destes. Cada jogador possui também um conjunto de “miples”, que são pequenos bonequinhos que você coloca no tabuleiro. Os miples são utilizados no final para pontuação.
A pontuação varia dependendo de quantos miples estão sobre um conjunto de “tiles” do tabuleiro, que por sua vez pontuam mais dependendo da sua formação (se formam ruas, terrenos livres, cidades, etc).
Carcassonne é um jogo de estratégia, aonde a única sorte envolvida esta relacionada a qual será o próximo elemento do tabuleiro. O jogo nos permite brincar com a sua própria estrutura, compondo um sistema dinâmico não previsível. Carcassonne nos ensina como podemos nos utilizar de estruturas clássicas de jogos como fator de jogabilidade, brincando e alterando as mesmas. O círculo mágico, ao invés de ser violado, acaba sendo reforçado.
(fonte) (imagens)
Fabrício Kolk trabalha com jogos educacionais, tentando modernizar e ludificar a educação. Criador do blog Ludus Lila, transita e pesquisa o universo do jogar desde os tabuleiros até os eletrônicos. Enxerga os jogos como um caminho para a transcendência. |
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