Por Nuno Sentieiro do blog Spiel Portugal
Mais um fim de semana mais uma viagem, mais uma voltinha, menina bonita não paga, mas também não anda...
Três títulos ainda com sotaque alemão saíram directos da pesada bagagem de mão para a mesa do Spiel Portugal. Decepções, expectativas baixas e confirmações em resumo, num mês pequeno - de festas - a partir de... agora:
Power Grid: The First Sparks (by Friedmann Friese)
Grandes expectativas neste título. Depois de Factory Manager e de alguns jogos menores do marido da Maria José Valério, esperava muito deste remake do famoso e, a meu ver, brilhante Power Grid.
Não podia estar mais enganado, o jogo procura capitalizar o sucesso da marca Funkenschlag partindo de uma abordagem de mercado estúpida: "- bora lá tornar isto mais rápido e com um tema que venda por si só, corta-se isto, limpa-se aquilo... e voilá - um jogo para as massas !"
First Sparks não é um jogo péssimo - tem pormenores interessantes, decalques curiosos do original e componente bonitinhos e tudo. Algumas ideias base do jogo - a funcionar - seriam bem giras ! Mas irrita ver um jogo bom implodir diante dos nossos olhos sem que os jogadores nada possam fazer.
O mercado dinâmico, o leilão intenso e a simulação de oferta-procura de recursos que tão bem representa o original, é aqui levada a uma extreme makeover que acaba com o que de melhor existia no motor de Power Grid - agora chovem mamutes (e não mamu-tes!), peixes bagas e ursos (acho eu...). Há de tudo e em fartura, tudo serve para fazer o máximo de coisas - e SEMPRE. E esta característica (defeito) tornam o jogo uma corrida - aparentemente sem estratégia - vazia de sentido, sobretudo, para quem, como eu, queria muito gostar deste jogo. 5/10
Alba Longa (by Graeme Jahns)
Deste jogo pouco, ou quase nada, sabia. Vi umas fotos, gostei do "barulho" dos componentes e avancei com cuidado. Depois de ler as regras suspeitei que entraria na categoria do - isto não é jogo para nós...
Alba Longa tem componente muito bons (não particularmente artísticos) numa caixa claustrofóbica, atulhada de mini tabuleiros individuais, dados esquisitos e meeples crús.
O jogo em si tem algumas boas ideias: a mecânica de colocação de trabalhadores associada aos dados, as duas velocidades das eras, o contra ciclo das sabotagens - mas é precisamente aqui, no conceito de sabotagem, que o jogo passa a ser só para alguns. Eu explico - O jogo termina quando algum jogador chegar a um determinado número de habitantes e monumentos. Os jogadores "constroem" a sua mini-civilização numa base simplista de uma economia de recursos e trabalhadores. A grande (quase única) interacção do jogo vem do poder militar - da sabotagem. Os jogadores parecem ser forçados a jogar negativo de forma a estragar o jogo uns dos outros - e isso, pelo menos de forma tão ostensiva - não é para mim.
Alba Longa propõe uma variante para suavizar este aspecto do jogo, onde podemos sabotar uma civilização neutra e ainda beneficiar com isso. Ainda assim, parece-me que o autor devia ter optado por outro caminho, por uma interacção mais óbvia, por um leque de acções mais diversas, para que o jogo não se torne num solitário repetitivo e monótono. 6/10
Last Will (By Vladimir Suchy)
"In his last will, your rich uncle stated that all of his millions will go to the nephew who can enjoy money the most. You will each be given a large amount of money and whoever can spend it first will be the rightful heir. Visit the most exclusive theatres or eat in the most expensive restaurants. Buy old properties for the price of new ones and sell them as ruins. Host a huge party in your mansion or on your private boat. Spend like your life would depend on it. Spend to become rich! If you're the first to run through the money on hand, you'll receive the rest of his inheritance – oh, and win the game."
Escusado será dizer que comprei este jogo completamente às cegas única e exclusivamente pelo tema. Com, algum receio, li as regras e contemplei de relance as cartas e os componentes (ou o que resta deles).
Last Will é um jogo de cartas. Tem tabuleiros individuais para as colocar - e não é que até dão jeito! - um pequeno tabuleiro central onde se pratica o planeamento do jogo assente num worker (hat) placement bem simples. Ao contrário de gastar dinheiro - que faço, modéstia à parte muito bem - não sei jogar jogos de cartas. Mas isso importa menos se o jogo for entretido, cheio de exclamações, e com uma componente "party" relevante.
O jogo não é simples, na verdade, tem algumas decisões estratégicas, matemática e otimização de combos nos efeitos das cartas - mas o que é que isso interessa se tudo isso culmina numa afirmação do tipo:
"- Agora o Gordon Ramsay vai cozinhar para mim e para o meu cão num passeio de iate com esta senhora respeitável e um cavalo! " - e pimba já gastei 11 paus !
Divertido e um bocadinho diferente da norma do cubinho. 7/10
E ainda há mais... de preferência melhor...
(fonte)
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