segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Entrevista exclusiva com Luis Francisco

Você já ouviu falar muito aqui no blog sobre o mega lançamento Flash Point: Fire Rescue, certo?

Mas você sabe o que Flash Point, The Resistance, Mehinaku e o São Paulo F.C. tem em comum? Luis Francisco!


Além de co-autor de Mehinaku, esta é a grande fera brasileira (e sãopaulino) por trás do design gráfico destes grandes sucessos (ok, ok, sabemos que o SPFC não é um jogo de tabuleiro).

Graduado em Design Gráfico pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) in 2009, Luis obteve recentemente seu diploma pelo Digital Design Program da Vancouver Film School (VFS).

E claro, que a FunBox não poderia de deixar de fazer uma entrevista exclusiva com ele! Confira!

FunBox: Luis, conte-nos mais sobre a sua experiência criando Mehinaku!
Luis: Eu vejo o Mehinaku como um marco na minha vida… Assim, se um dia fossem fazer uma linha do tempo sobre mim estaria lá: Criação do Mehinaku. Brincadeiras à parte, o Mehinaku foi o responsavel por eu conhecer e me apaixonar pelos jogos de tabuleiro.

Tudo começou com uma vaga ideia ainda no 4º semestre da faculdade. Eu queria criar um jogo de tabuleiro como trabalho final. Mas como? De quê? Bom, depois de um tempo chegou a hora de começar o TCC e foi quando eu conheci um fórum de jogos de tabuleiro e lá criei um tópico falando sobre meu trabalho e tal e que queria fazer um jogo com temática brasileira. Depois de algum tempo conheci o Antonio Marcelo e começamos a trabalhar nisso junto.


Todo esse projeto foi fluindo no decorrer do último ano de faculdade, mas eu e Antonio já tinhamos uma coisa em mente: Vamos fazer esse jogo à nivel europeu. Mesmo que não conseguimos publicar aqui no Brasil podemos tentar o mercado lá fora.

Posso dizer que a parte mais gostosa foi criar o tabuleiro a partir do nada. Foi um trabalho de cortar e colar que rendeu a estrutura do tabuleiro.




E assim, tendo como inspiração designers e ilustradores como Mike Doyle e Michael Menzel, e após árduos meses de pesquisa e trabalho surgiu o Mehinaku.

O Mehinaku este, que foi o responsável por me abrir as portas para a indústria de Design Gráfico nos jogos de tabuleiro. Graças à ele e ao meu blog onde escrevia sobre o processo de criação do Mehinaku (http://tcc.lfportfolio.com/) Travis Worthington o dono da Indie Boards and Cards me conheceu e me deu a oportunidade de desde então vir a trabalhar em seus jogos.

FunBox: Mehinaku foi seu primeiro jogo como designer e ilustrador? Em quais outros você já trabalhou?
Luis: Sim e não. Na pergunta existe um erro que muita gente comete e gostaria de usar este espaço para esclarecer.

Não sou ilustrador dos jogos, e sim designer gráfico. É claro que vira e mexe eu faço alguma ilustração mas nada demais. O normal é eu contratar ou trabalhar com um ilustrador da empresa.

Como designer gráfico a minha função é planejar e criar todo o aspecto visual dos jogos, tais como cores, ícones, diagramas, layout das cartas, tabuleiro, livro de regra, marcas, padrões, embalagem, etc… Digamos que eu faço a ambientação do jogo o que muitas vezes inclui dirigir o que o ilustrador faz... A ilustração (doh'). Para entender um exemplo básico no Mehinaku:

Meu trabalho:


Ilustrador:


Meu trabalho:


Para nós designers gráficos é perceptível quando um jogo tem apenas um ótimo ilustrador e não conta com um designer. Mas o pessoal tende a valorizar apenas a ilustração e não percebe o quanto o conjunto de elementos é importante para a organização e dinâmica do jogo. Os manuais por exemplo… É uma das coisas mais difíceis de se realizar bem feito. Além de fazer os infográficos e sua estrutura, também tenho que diagramá-lo muitas vezes em diversos idiomas como: inglês, francês, alemão, espanhol, etc… Isso tudo apenas com o conhecimento da língua inglesa!

Mas voltando à essência da pergunta… Sim o Mehinaku foi a minha primeira experiência como designer de jogos. Como designer gráfico antes de concluir o Mehinaku eu trabalhei no redesign do Wheels of Time ( ou Círculos do Tempo ) que foi lançada na última edição da Strategos, também com um redesign meu. Após eles vieram os seguintes títulos: Triumvirate, Haggis, The Resistance, e o mais recente, Flash Point.

FunBox: Temos o The Resistance aqui na FunBox e ficamos surpresos ao saber que você participou deste fantástico título! Conte-nos como foi participar na arte do jogo!
Luis: O Travis me mandou email perguntando se eu estava pronto pra trabalhar em outro jogo… Nisso eu já estava morando no Canadá, e era meio complicado de conciliar a vida na escola que era praticamente integral e o meu trabalho freelancer. Mas eu aceitei e acho que foi uma ótima escolha, pois posso dizer que até hoje é o jogo em que trabalhei que fez mais sucesso. Ele foi publicado em diversas línguas por todo mundo e eu mesmo tenho uma cópia em chinês. É muito legal ver meu nome lá no manual e não entender mais nada dele! hehehehehehe


Em The Resistance o que deu mais trabalho foi a criação dos ícones pras cartas. Por se tratar de um jogo com temática futurística os ícones tinham que ter um visual moderno e minimalista mas sem deixar de passar a essência das cartas e pra isso houve muita discussão até chegarmos num consenso. Mas acredito que no fim conseguimos ambientar o jogo com sucesso e criar um universo próprio para ele. Um universo de intriga e surpresas.

FunBox: Você também participou de Flash Point: Fire Rescue (sucesso absoluto do Kickstarter). Como foi trabalhar no projeto?
Luis: Eu estou apostando MUITO no Flash Point. Este jogo é sensacional e eu não vejo a hora de receber o meu. Mas nesse projeto tive momentos difíceis. Ele chegou pra mim na reta final do meu curso no Canadá. Quase perdi meu trabalho freelancer pra Indie Boards and Cards, mas no fim tudo se acertou e consegui terminar a tempo não só o jogo mas como a expansão do mesmo. O manual foi um desafio… pra este jogo fiz a versão em Inglês, Alemão, Francês e Holandês. O que mata são as revisões… No manual em inglês já tem várias agora imagine em um manual em holandês!

Outra coisa é que a Indie Boards and Cards tem uma atitude muito legal que é sempre postar o desenvolvimento no BGG, só que isso as vezes sai pela culatra. Existem pessoas no fórum que parece que muitas vezes estão lá só pra criticar e arrumar problemas. Isso gera "refação" de um monte de coisas como por exemplo o título da capa que mudou umas três vezes. Um outro exemplo foi uma pessoa que insistia em criticar o jogo pelo fato de não ter variedade racial. Resultado? Tive que ilustrar os tokens novamente agora com pessoas afrodescendentes, asiáticas, um cachorro e um gato!!! ( Aliás tem um Easter egg nos tokens e que anuncio aqui… Eu estou nos tokens usando uma camiseta do Mehinaku hehehehe )

Mas enfim… eu só tenho a dizer uma coisa: Flash Point é MUST-HAVE pra qualquer um.


FunBox: E o que ainda vem pela frente? Você pode nos falar um pouco sobre seus próximos sucessos?
Luis: Enquanto espero receber novos jogos para realizar ( uma nova notícia é que Michael Mindes, editor do Eminent Domain, entrou em contato e nos próximos meses pode aparecer uma proposta ), estou com projetos paralelos.

Tenho um novo jogo criado por mim em fase de playtest: Cook-off! (nome provisório) que é um jogo de ação simultanea com cartas, blefe e administração de recursos, com a temática de um concurso de culinária. Também tenho um projeto secreto, que não é um jogo, mas que pretendo lançar ainda esse ano e em breve estarei abrindo beta para algumas pessoas. Aguardem!

FunBox: Muito obrigado pela entrevista, Luis e desejamos muito sucesso a você!
Luis: Obrigado à vocês pela oportunidade. Espero um dia ter tempo livre e dar um pulo na FunBox! Abraços.

Quer conferir de perto o trabalho de Luis Francisco? Pois venha jogar The Resistance e Mehinaku aqui na FunBox!


Sobre The Resistance: Nomeado ao prêmio de 2010 Golden Geek Best Party Board Game, este é um divertidíssimo jogo de dedução onde os jogadores são ou Resistance Operatives ou Imperial Spies. Trabalhe em equipe e deduza a identidade dos outros jogadores para completar suas missões!


Sobre Mehinaku: Neste jogo colaborativo, os jogadores assumem o papel do pajé, cacique, caçador, trabalhador ou trabalhadora de sua aldeia para desenvolver e aumentar a população de sua aldeia antes que seus deuses se irritem!


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