quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Essenciais 2012

Por Carlos Abrunhosa


Trajan


Mais uma pérola do senhor Feld segundo a crítica. Stefan Feld é sem dúvida um dos meus autores preferidos e são já tantos os títulos bons que eu queria ter e ainda não tenho que fica difícil de acompanhar a pedalada do homem…

Trajan desenrola-se na Roma antiga e o objetivo de cada jogador é ganhar cada vez mais influência nas várias esferas do poder romano, tais como influência política, comercial, militar e cultural. A curiosidade do jogo é descobrir como funciona a sua engenhosa mecânica, assente nos princípios do Mancala. Quem já jogou, considera-o genial, assim como “mentalmente desgastante”…

As ações em Trajan, consistem em 6 tipos: construir, comercializar, apanhar fichas do Fórum, usar o poder militar, influenciar o senado e colocar fichas de Trajan no tabuleiro pessoal.

Bem à moda de Feld o jogo tem demandas exigentes e é preciso estar sempre atento às necessidades do público no Fórum para assim evitar penalizações (quem não se lembra dos ratos de Notre Dame?).

Este promete ser um hit entre os mais hardcore e amantes de euros.


Takenoko


Neste momento até apetece dizer que Feld está para os euros como Bauza está para os best sellers lúdicos. Takenoko chegou com pezinhos de lã sem ninguém dar conta e já anda na boca do mundo. Com a conquista do Jogo do Ano Complexo (KdJ) na Alemanha, o maior sucesso de Antoine Bauza catapultou-o para outro nível de reconhecimento internacional.

Takenoko é um jogo familiar com todos os ingredientes misturados em doses certas para agradar a um público generalista que gosta de jogar descontraidamente um jogo de 45 minutos sem grandes dispêndio de energia intelectual e cheio des beau morceaux ao nível dos componentes. Bom, está aqui um caldinho que talvez traga o tão sonhado (secretamente) SdJ 2012

Os ingredientes estão todos lá, com eles somos transportados para o Japão Imperial, e confrontados com a árdua missão de sustentar um panda gigante, oferecido como prenda ao Imperador pelo seu homologo chinês, fruto da paz que reina entre as duas nações.

Com um novo habitante no palácio, o Imperador deu ordens para que os seus criados (os jogadores) cuidem do simpático animal, providenciando-lhe a comida (bambu) necessária para que se alimente convenientemente!

Os jogadores serão portanto “agricultores”, preocupando-se em cultivar, irrigar e cuidar das três variedades de bambu (rosa, verde e amarela), que, com a preciosa ajuda do jardineiro imperial, irão florescer nos jardins reais e servirão de alimento ao insaciável bicho!

Uma proposta lúdica que certamente irá fazer correr muita tinta…


Santiago de Cuba


A Eggertspiele descobriu um filão quando editou o jogo Cuba no ano de 2007, de lá para cá este é o terceiro jogo abordando a mesma temática – Cuba!

Neste jogo, a editora alemã procura oferecer uma versão mais light do primeiro título desta triologia (Cuba, Havana e Santiago de Cuba) propondo-nos um jogo com uma duração “familiar” de 45 minutos, onde o nosso papel é fazer os melhores negócios possíveis com as personagens carismáticas das ruas de Santiago, de forma a obter os preciosos recursos que faremos embarcar no navio, que os aguarda serenamente no porto da cidade.

Corrupção, lobbies e lavagem de dinheiro fazem parte da vida de um jogador em Santiago de Cuba (salvo seja!).

O jogo é simples e vive da flexibilidade no planeamento das ações por parte de cada jogador. Uma vez mais as ilustrações foram entregues a Michael Menzel e este teve o cuidado de manter a bitola alta, não deixando de vincar o traço comum aos anteriores títulos da triologia.

Adicionalmente disponiblizo-vos também as regras em português para ser mais fácil – AQUI.


Walnut Grove


Walnut Grove é um jogo que poderá passar ao lado de muita gente mas nem por isso merece o esquecimento. Pessoalmente sinto-me tentado em o experimentar e quem sabe, até comprar.

Neste jogo somos camponeses numa aldeia norte americana (eternizada pela série americana Uma Casa na Pradaria) em busca dos recursos. O jogo passa-se no período de 8 anos e em cada ano os jogadores jogam as 4 estações do ano (3 delas em simultâneo).

O jogo tem a característica de poder ser jogado em solitário o que agrada a muitos daqueles a quem escasseia a companhia para jogar.

Para os muito interessados em conhecer o jogo é possível ver um vídeo explicativo no BGG, feito pelo staff do próprio site americano.

Link do vídeo -> AQUI


Hawaii


Este jogo marca a estreia do criador Greg Daigle na alta roda dos jogos de tabuleiro com uma entrada pela porta grande, sendo editado pela conceituada Hans im Glück. Só o facto da editora abrir as portas a este rookie indicia que estaremos perante um excelente jogo. A crítica ainda não “encontrou” este jogo e por isso os ecos sobre as suas qualidades ainda não são muito notórios na blogosfera. Todavia já os há!

Hawaii é um jogo de estratégia moderado que acomoda jogadores regulares e outros menos, e que nos convida a tornar a nossa parte da ilha, o mais rentável possível.

Servido por um material e grafismo muito atraentes, com a chancela de Dennis Lohausen, Hawaii será um candidato natural à categoria de jogo do ano em muitas paragens lúdicas…


Covert


Covert é mais uma aventura do simpatiquíssimo duo Luísa Monteiro/Rui Alípio da Criações a Solo. Covert é um jogo para crianças ao qual os pais não ficarão indiferentes. A empresa nacional pegou num mecanismo conhecido: papel, pedra, tesoura ; juntou-lhe mais um elemento: o fio e aplicou-lhe um suporte físico (tabuleiro e marcadores ilustrados). Uma receita que dá origem a um jogo simples mas muito imersivo, que nos “agarra” e nos faz perder a noção do tempo enquanto o jogamos.

Embora sendo conceitos diferentes, comparo-o ao Can’t Stop, não nos mecanismos, como já referi, mas na qualidade única que alguns jogos têm de nos envolverem no entusiasmo de os jogarmos, encadeando partidas, umas atrás das outras.

Testamos o protótipo no ano passado na RiaCON e percebemos logo que estava ali um belíssimo jogo infantil com imensas potencialidades como gateway. Para lá do aspecto lúdico, Covert tem uma componente didática muito forte, sendo por isso um bom instrumento para explorar em contexto escolar. Por isso, chamo a atenção de todos os professores para estarem atentos a este jogo, pois poderá ser um recurso interessantíssimo em contexto de sala de aula.

Agora chegou o momento de o testar na versão final, que surgirá já neste primeiro semestre do ano, e confirmar o seu enorme potencial.


CO2


De Vital Lacerda tudo se pode esperar e este novo título é uma prova de fogo para o criador. Quando se começa a carreira com um jogo como Vinhos, é complicado editar um segundo jogo, a fasquia está elevadíssima. O homem saltou 6 metros e agora ninguém lhe pede menos que isso… CO2 encarregar-se-á de nos provar que não há razões para duvidar da genialidade do criador português.

Embora ainda muito pouco conhecido, este novo título saíra, segundo o que tudo indica, na próxima feira de Essen, e abordará o tema das emissões de Co2 para a atmosfera, inserindo-se num nicho temático pouco explorado: o ambiente.

O jogo promete várias horas de jogo e aquecimento cerebral. Na mesma linha de Vinhos, este CO2 será “durinho” e exigirá bastante planeamento e alguma capacidade estratégica para ser bem jogado. Os amantes dos jogos mais complexos terão certamente mais um exemplar à altura.


Kanban


2012 será um ano em contra ciclo com a crise económica nacional no que diz respeito ao lançamento de jogos made in Portugal, e Vital Lacerda será o expoente máximo desse contra ciclo uma vez que lançará dois jogos este ano. Kanban é um jogo económico baseado no processo de produção industrial onde “menos é mais”.

O jogo coloca o jogador no papel de um trabalhador da indústria automóvel que terá de otimizar tempo e recursos, procurando produzir muito com poucos recursos, sem comprometer a qualidade do seu produto. Os mais bem sucedidos nesta missão subirão na escala hierárquica da empresa, e consequentemente terão mais proveitos.

A seguir com muita atenção.


Madeira:Pearl of Atlantic


Mais um projeto português desta feita da dupla Soledade/Sentieiro, dois jogadores que decidiram agora enveredar pela “carreira” de designers. O jogo é um completo desconhecido para mim, mas nem por isso deixo de ter curiosidade de saber o que nos reservam tão ilustres senhores.

Conhecidos pelos gostos muito refinados quanto a jogos, passarão agora para o “outro” lado, e serão eles os alvos da crítica. Certamente serão boas, atendendo à “anamnese lúdica” destes dois, bem aí um jogo espesso e cheio de “xixa”.


Ragami


Ragami é um jogo original da Mesaboardgames que aborda a temática dos anjos da guarda.

No jogo somos anjos da guarda que procuramos resolver problemas na Terra. O objetivo do jogo é ganhar o máximo possível de pontos de virtude (!) quer pela resolução de conflitos, quer fazendo desaparecer demónios, quer ajudando outros Ragamis ou sendo o Ragami mais assertivo.

O conceito é original e por isso este Ragami será certamente um jogo a experimentar em 2012.


KOCMOC


Outra novidade da Mesaboardgames que aparecerá por altura da feira de Essen é: KOCMOC.

Em KOCMOC os jogadores são cadetes num programa espacial que almejam chegar à elite da Força Espacial, para isso têm de demonstrar a sua perícia no controle das naves espaciais e na resolução de problemas de vária ordem gerados pelos instrutores, em ordem à obtenção do tão desejado ingresso.

Os jogadores têm de completar missões fazendo voos aos diferentes planetas do sistema solar e escolhendo as rotas mais convenientes. Em função dessas escolhas de voo é que os jogadores irão ganhar pontos de experiência, essenciais para ganhar o jogo!

Bem e por este ano estão feitas as previsões… em dezembro faremos o balanço!

(fonte)

Carlos Abrunhosa reside em Aveiro, Portugal e é professor de profissão. Adora jogos de tabuleiro e para lá do JogoEu, é organizador de eventos como o Jigajoga e o RiaCON.

2 comentários:

  1. Fiquei maravilhada com o que disse o Prof. Carlos Abrunhosa sobre o Jogo Couvert.
    É exactamente o que penso sobre este Jogo.
    Votos de muito sucesso para o Couvert e para todos os que têm a arte de bendizer!...

    Maria Vaz

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    Respostas
    1. Olá Maria!

      Ainda não jogamos Couvert, mas a descrição feita pelo Carlos nos deixou com muita vontade de jogá-lo!

      Obrigado por nos acompanhar! [ )]

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