segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Entrevista com Renato Sasdelli

Por Evaldo Vasconcelos

Responsável pela Galápagos Jogos, entrevistei Renato Silva Sasdelli


Com uma quantidade incrível de títulos lançados em 2011 a Galápagos está rapidamente ganhando nome do mercado de jogos de mesa.

Evaldo: Como você conheceu os jogos de tabuleiro nacionais e os importados?
Renato: Eu sempre tive a parte lúdica bem inquieta. Organizava campeonatos pra tudo, criava jogos/atividades e buscava coisas novas. Sempre busquei novidades no mercado nacional, entrava nas lojas de brinquedo e vasculhava tentando achar algo, mas com o tempo minha esperança foi caindo. Certo dia, eu estava fazendo uma nova versão ‘premium’ temática do clássico ‘War’ de presente para uma amiga. Levei o material para o trabalho, pois lá tinham ferramentas para trabalhar com madeira e um dos meus colegas de trabalho comentou sobre o site do BGG. A partir daí foi uma ascendente muito rápida!


Evaldo: Quando surgiu a idéia de abrir uma empresa de jogos? Há quanto tempo a Galápagos está no mercado?
Renato: No primeiro momento que tive contato com o BGG comecei a fazer versões caseiras dos jogos, e, logo de cara comecei a substituir personagens dos jogos por amigos, familiares, etc... Daí veio à idéia de personalização e utilização dos jogos para passar conteúdo e informações, e junto, a idéia de abrir a empresa com foco no mundo corporativo. A empresa já tem 2 anos mas já estamos trabalhando a praticamente 3 anos.


Evaldo: Os jogos de tabuleiro mais conhecidos no mercado brasileiro são, sem dúvida, War e Banco Imobiliário. Ambos clássicos. Há alguns anos, os "jogos de tabuleiro estilo alemão" vem conquistando e ampliando o seu público no país. Como você encara essa mudança e qual é como a Galápagos analisa a demanda do mercado brasileiro?
Renato: Acho que seria errado falar que os jogos ‘alemães’ vêm conquistando ESTE público brasileiro, não se trata de uma mudança. O público para estes jogos novos vem aumentando, mas ainda é um nicho pequeno e a curto prazo vai permanecer assim. Nós acreditamos que o mercado brasileiro tem potencial para se sustentar e abrigar 2 ou 3 empresas de médio porte produzindo jogos diferenciados, em português e com a qualidade que o público merece.

Evaldo: O público brasileiro é receptivo a novos fabricantes?
Renato: Aí são 2 casos. O público dos jogos de massa já está acostumado com os mesmos fornecedores há um bom tempo e é mais difícil que dêem oportunidades a novos fabricantes. Já o público do nicho ainda está acostumado à importar jogos, e, no geral, ainda possui um pé atrás com relação ao mercado nacional de uma forma geral. Acho que a solução aí é o trabalho. É trabalhar sério para fornecer, a todos, jogos cada vez melhores em componentes e em jogabilidade. Se em algum momento falharmos nesses aspectos, o público vai voltar a importar jogos.

Evaldo: Qual sua opinião sobre as grandes empresas brasileiras de jogos e seu papel na renovação e ampliação do público?
Renato: Bom, se analisarmos as ações dos últimos anos, as grandes empresas estão agindo de forma muito consciente. A chegada da Hasbro ao país só mostra que o mercado continua crescendo e ampliando, independente da qualidade de componentes/jogos. Com relação à renovação, se o mercado continua crescendo e ampliando, porque as empresas grandes deveriam se mexer? Para elas está tudo muito bom, não existe a necessidade delas se arriscarem. O lançamento do Catan pela Grow foi uma iniciativa excelente e devia ser muito comemorada, independente do resultado que irá alcançar.


Evaldo: Sua empresa desenvolve jogos corporativos. Qual sua avaliação sobre esse nicho de mercado?
Renato: É um setor bem interessante, porém muito competitivo. Existem muitas agências que trabalham com jogos também e normalmente elas já tem o cliente em sua carteira e, portanto, ele não vai procurar novas soluções. Neste segmento, a qualidade é também muito importante, pois foi através dela que conseguimos surpreender positivamente nossos clientes e nos firmar dentro de grandes empresas.

Evaldo: Vocês já participaram de feiras e convenções sobre jogos de tabuleiro e brinquedos no Brasil ou fora do país? Qual é a diferença entre os eventos brasileiros e as feiras internacionais e qual sua importância para o mercado?
Renato: Já participamos das maiores feiras internacionais. Nuremberg de Brinquedos em geral e Essen para jogos de tabuleiro. A abordagem das feiras internacionais é bem diferente das nacionais, uma vez que os jogos de tabuleiro tem muito mais força, penetração de mercado e aceitação do público do que no Brasil. Mas acreditamos que cada vez mais essa tendência deve chegar ao Brasil e as perspectivas de mudança são promissoras. Estamos fazendo o possível para acelerar o processo.

Evaldo: Vocês possuem entre seus produtos títulos como Recicle e Brasilis. É uma postura da empresa publicar jogos com temáticas engajadas e com críticas sociais?
Renato: Não digo que seja uma postura, mas talvez uma coisa que vemos com bons olhos. Gostamos de jogos temáticos, isso sim. Se o tema for crítico ou educacional, ele pode estar também estimulando o jogador de outra maneira, o que é muito bacana.

Evaldo: A Galápagos publica apenas jogos de designers próprios ou também recebe projetos de designers independentes? Em caso positivo, como os interessados podem entrar em contato com a empresa?
Renato: Não temos nenhuma regra, apenas buscamos jogos inovadores que sirvam para expandir o hobbie no país. Buscamos ter um catálogo de certa forma completo, com jogos variados entre dados, cartas, tabuleiro, tática, estratégia e sorte. Se não surge nenhuma criação externa nos moldes que projetamos para nosso catálogo, nos mexemos para criar algo, foi o que aconteceu com o UGC (O Último Grande Campeão), tanto pelo tema, quanto pela mecânica. Estamos completamente abertos à novas criações, e os criadores podem entrar em contato diretamente comigo: renato@galapagosjogos.com.br
Só devemos ressaltar que estamos cada vez mais exigentes com relação aos playtestes dos jogos. Sentimos uma necessidade cada vez maior de exigir mais e ter jogos cada dia melhores. Agora temos um catálogo bem desenvolvido e as peças que entrarão neles serão muito bem selecionadas.


Evaldo: Quais são suas expectativas para o futuro da Galápagos? O que os board gamers podem esperar da empresa em 2012?
Renato: Temos um planejamento muito legal para 2012, com muitas opções em aberto e novidades já fechadas para o segundo semestre. Agora a intensidade dos lançamentos vai ser proporcional à resposta do público, ou seja, de acordo com as vendas. Se visualizarmos que nosso trabalho está rendendo o esperado e que é possível manter uma empresa de jogos modernos no Brasil, continuaremos investindo alto, caso contrário, haverá uma desaceleração natural no número de lançamentos. Mas posso garantir que sempre estaremos por aí com novidades!


Evaldo: Quais são seus 3 jogos de tabuleiro preferidos?
Renato: Eu gosto muito de jogos onde todos estão se divertindo ao redor da mesa! Jogos que eu sei que posso levar em qualquer lugar que farão sucesso. Aqui eu cito o “Last Night On Earth”, muito legal, e o “Horse Fever”, que conseguimos a licença para o Brasil e iremos lançar agora em Dezembro de 2011. Mas tenho um gosto MUITO variado, costumo jogar de tudo.
Gosto também de jogos um pouco mais táticos onde se tem muitas escolhas disponíveis em sua jogada, como “Tigris & Euphrates” e o próprio “O Vale dos Monstros”.


(fonte)

Evaldo Vasconcelos é amazonense, empresário, produtor e gestor cultural. Tem divulgado os jogos de tabuleiro importados no Brasil desde 2009 através do evento Eurogames Manaus e do blog Strategos

Um comentário:

  1. Muito bom!! A galapagos é uma excelente empresa, sempre trazendo jogos inovadores para o Brasil! Continuem assim! E parabéns a Funbox, pela bela entrevista!

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